quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


Primeiro mês em casa com o recém-nascido

Durante a gravidez, toda a futura mamã imagina que quando o seu bebé nascer tudo será cor-de-rosa.



Durante a gravidez, toda a futura mamã imagina como serão as coisas quando nascer o seu bebé. E geralmente, supõe que tudo será cor-de-rosa: um bebé que dorme placidamente quase todo o dia, que apenas choraminga quando sente apetite, que se sacia tomando calmamente a maminha. E quanto a ela, imagina-se com a mesma figura elegante que tinha antes da gravidez, vestindo os seus apertados e "sexis" jeans, e uma camisola aberta à frente para poder dar de mamar mais comodamente. A casa, como é evidente, perfeitamente arrumada, e impregnada pelo doce perfume de bebé. Tudo perfeito. Tudo calculado. No entanto, quando chega a hora da verdade, nada sucede como imaginou, o que produz uma sensação de angústia na mamã.
A hora da verdade
A hora da verdade não chega com o nascimento do bebé mas sim com o regresso a casa. Enquanto a mulher se encontra internada, nessa linda casa de saúde que escolheu com antecipação suficiente, com bonitos cortinados e pessoal qualificado, disposto a ajudá-la até ao mais pequeno pormenor, não há problemas. Além disso, entre as visitas, as flores, os bombons e as felicitações, uma boa parte da realidade fica dissimulada. Mas chega o dia em que o obstetra diz: "Mamã, já pode ir para casa". E nesse momento, tudo muda. Em alguns casos, mãe e sogra encarregam-se de que a casa esteja bem arrumada para receber o novo membro da família. No entanto, um montão de sensações estranhas começam a invadir a orgulhosa mamã. Tudo saiu bem, o seu bebé está perfeito e ela também. Mas logo que deixa a maternidade com a criança nos braços, surgem as lágrimas e um certo estado de desassossego se apodera dela, que, com ar de receio, se interroga: "E agora, o que faço?". Grande pergunta, se as há... mas sem resposta.
O regresso a casa
Na casa de saúde, a mamã estava apoiada. Com um simples toque de botão, um especialista atendia imediatamente para responder à mínima dúvida ou resolver qualquer situação, imprevisível ou inesperada, enquanto que ela se manti-nha impecável no seu roupão. Mas em casa, esse toque mágico a quem podia recorrer já não existe, e a sensação de desamparo atinge a orgulhosa mamã. Tudo aquilo que sonhou com tanta ilusão, a maioria das vezes, está longe da realidade que significa o regresso a casa. Sem dúvida, um dos momentos mais complicados do ponto de vista emocional. E como se isso fosse pouco, todos querem dar uma opinião. O papá recém-estreado, que sabe tanto ou menos do que ela. A avó recente, que fala da sua experiência vivida há muito anos antes. Tudo isso somado à revolução hormonal do puerpério, principal responsável de uma sensibilidade à flor da pele que a nova mãe nunca anteriormente experimentou na sua vida.
Caricatura dos primeiros 30 dias
O primeiro mês em casa com o bebé nunca é tarefa fácil. A mamã sente-se confusa, não consegue compreender o bebé, e sente-se a pessoa mais infeliz do mundo. A episiotomia incomoda, impede que possa sentar-se como Deus manda, e transforma o facto de tomar banho num problema. E aí sente-se totalmente ridícula, a secar-se com o secador de cabelo. Terceiro dia. O leite desceu. O peito repleto do morno alimento, gotejam constantemente. E em alguns casos, como o bebé não sabe segurar-se bem ao peito, os mamilos acabam por criar gretas e doem como nunca. E novamente, a imagem parece-lhe patética: apanhando Sol através da janela do quarto para que cicatrizem, a inexperiente mãe sente-se ridícula. Quando se vai vestir, os jeans apertadinhos que usava antes da gravidez só lhe servem até aos joelhos, e com a roupa de grávida parece vestir um disfarce. Sente-se estranha, tinha-se habituado à barriga que agora já não existe, mas também não tem o corpo de anteriormente.
Ao entardecer, o bebé começa a chorar e parece que nada neste mundo consegue acalmá-lo. O pequenito chora e chora, e a mamã não consegue entender porquê: "Terá fome?, mas se acabou de comer!", "Ter-lhe-ei apertado demais a fralda?", "Terá frio?". Assim, não é raro que esse choro não acabe por contagiar a mamã. Após uma semana o grande acontecimento: caiu-lhe o cordão umbilical e o pequenito já pode dar o primeiro banhinho completo. Novamente a insegurança se apodera da mamã: sente que o bebé lhe es-correga por todos os lados, que não pode sustê-lo, que as mãos não o conseguem segurar. E para cúmulo, o bebé chora porque não gosta! Quando a noite chega, a mamã cai esgotada com tanto trabalho. Mas agora, as suas noites não são de plácido sono, porque o descanso é constantemente interrompido pelo bebé, que acorda várias vezes a pedir alimento. Assim, cada manhã levanta-se mais extenuada do que se deitou, com saudades da época em que podia dormir a sono solto.
Esposa ou mãe?
O papá vai-se embora de manhã rumo ao trabalho, beija na testa o pequenito e a sua mulher, e regressa à noite, cansado, com vontade de voltar a encontrar o seu filho já com o banhinho tomado, de roupinha lavada e com um sorriso de ore-lha a orelha, e com a sua mulher, que – finalmente – deixou para trás as náuseas, a barriga e os desejos. O papá tem fome, mas o jantar não está pronto, porque justamente na altura em que a sua mulher se preparava para fazer algo para comer, o bebé queria mamar. Quando conseguem sentar-se a jantar, ela olha para o marido esgotada, com os olhos chorosos e um nó na garganta. Ao mínimo comentário ("A comida já está um pouco fria") é capaz de desencadear uma tempestade: "Claro, já não gostas de mim, estou feia, fiquei disforme, gorda, não tive tempo para me arranjar um pouco". Para completar o quadro, surge um telefonema da sogra, que quer saber como anda o seu netinho querido, e que se ofende se não se lhe prestar a atenção devida.
Com o mal de muitos...
Certamente, muitas mulheres estarão a pensar que são as únicas a quem estas coisas acontecem, enquanto que, para outras mamãs, tudo é cor-de-rosa, tal como imaginaram durante a gravidez. Mas isto, que parece o fim do mundo, não é mais que um apontamento dos primeiros trinta dias em companhia do recém- -nascido. De qualquer modo, não desespere: em apenas uma semana tudo regressará à normalidade. Os pontos da episiotomia cicatrizarão e a mamã aprenderá a reconhecer o motivo de cada choro. O bebé já terá aprendido a prender-se correctamente ao peito, e o peito irá regulando a sua produção de leite. E quando depois de comer se sentir satisfeito e contente, esboçará um sorriso que encherá a sua mãe de emoção e felicidade e fará esquecer os momentos passados.
Tudo passa
Não se angustie: não demorará muito tempo até que possa vestir a roupa que usou durante toda a sua vida, e para que voltem a dizer-lhe piropos na rua. Esse clima de tensão, incerteza, cansaço extremo, pouco sono, muito trabalho e tudo o que surgiu de novo, desconhecido e complicadíssimo, depressa, quase sem saber como, quando nem porquê, um belo dia desaparece. Pouco a pouco, a família recupera o seu ritmo normal e volta a dormir a quantidade de horas de que necessita. O marido, feliz, chega a casa disposto a ver o seu filho, tê-lo nos braços, e ajudar a fazer o jantar ou qualquer coisa que a sua mulher necessite. Depois, enquanto o pequenito dorme pacificamente, o casal encontra alguns momentos para trocar uns mimos. E dentro de pouco tempo, também voltará o sexo. Mas o mais importante: um amor desmedido pelo seu bebé irá apoderar-se de vós dia a dia, minuto a minuto. E é verdade: a vossa vida nunca mais voltará a ser como antes, porque o pequenito que tanto esperaram já chegou para enchê-la de felicidade.

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